Eu teria 7 ou 8 anos quando entreguei o coração ao
Belenenses. Ainda haviam de passar alguns anos, até ver uma qualquer equipa do
meu clube em acção. Entretanto, ia alimentando a paixão ouvindo os relatos pela
rádio e à medida que fui ganhando desenvoltura na leitura, consultando os
jornais. Assim, ia-me inteirando dos resultados do meu clube em todas as provas
que participava, fossem elas futebol, andebol, basquetebol, atletismo etc. Foi
assim que, para além dos nomes que compunham a equipa de futebol, fiquei a
saber que o Rui Ramos no triplo salto, o Joaquim Branco na corrida, e a
Georgeta Duarte em várias disciplinas, eram verdadeiros campeões do atletismo;
que o José de Freitas, o Homero Serpa e o José Manuel Pintassilgo, eram barras
na natação. E o mesmo foi sucedendo com muitos outros, como o chamado Zé da
Burra, que em solitário disputou uma Volta a Portugal em Bicicleta envergando a
camisola azul do meu Clube.
Por alturas dos meus 12 ou 13 anos, chegou o dia em que fui
ver jogar pela primeira vez o Belenenses. Foi contra a Académica e assisti ao
jogo, para o qual fui levado pelo nosso primo Boaventura, sentado na bancada de
sócios deste Clube. Mais tarde, quando o Belém vinha a Coimbra e havia
disponibilidade monetária para o efeito, deslocava-me da Lousã para o ir ver.
Foi assim que ainda cheguei a ver jogar o Matateu, o Vicente, o Zé Pereira, os
argentinos Di Pace e Perez e tantos outros bons jogadores que faziam parte das
equipas desse tempo.Com a minha vinda para Lisboa, depois de alguma hesitação, acabei por me tornar sócio do clube e, desde então, tornei-me presença assídua no Restelo. Conto agora com 46 anos de associado e continuo a apoiar o meu Clube com a mesma vontade, apesar da fase complicada que atravessa.